segunda-feira, 7 de abril de 2014

Trilhos de Almourol (44km + 18km) - Tempos e relato

A outra prova do dia foi em trilhos... Nada mais que um Ultra trail de 44 km, com a variante de 18 km.

Os Pernas de Gafanhoto estiveram presentes nesta espectacular prova. O Sérgio deixou um relato bem ilustrativo desta corrida de quase 7h!!!


"Às 10h em ponto, no parque de merendas da barragem de Castelo de Bode, lá estávamos cerca de 400 participantes, para aquilo que seria uma maratona pelos trilhos do zêzere e almourol. O briefing inicial dizia que a primeira metade seria muito técnica e com desníveis acentuados, a segunda metade era mais plana mas com imensa lama. Não nos mentiram, foi isso mas muito mais.

Tinha o objetivo de não me desgastar demasiado no sobe e desce da primeira metade, mas não foi fácil. Havia inclinações de cerca de 30% tanto a subir como a descer, havia troços que tinham que ser feitos com ajuda de cordas, e até alguns locais perigosos onde aconteceram alguma quedas. Cheguei aos 20 kms com a ideia que ia sofrer bastante para chegar ao fim, ainda para mais nesta altura as nuvens foram embora e começou a ficar bastante calor.

Felizmente que os abastecimentos foram fantásticos, muito completos com liquidos, doces e salgados. Levava muito pouca comida na mochila e era para emergências, por isso os abastecimentos tinham que ser bem aproveitados. Acabaram por ser um conforto não só para o estômago como para o estado de espírito, onde todos partilhavam as suas mazelas e angústias, e os voluntários tinham sempre palavras de ânimo. Na minha cabeça não faltavam 20 e tal kms para a meta, mas sim 3 ou 4 kms para o próximo abastecimento. Foi muito mais fácil desta forma.

À passagem pelo Castelo de Almourol passei os piores momentos na corrida, sentia já muito desgaste nas pernas, muito calor e estava num grupo onde alguns falavam em desistir, muito mau. Depois de uma subida que pareceu interminável chegámos ao posto de abastecimento dos 28 kms. Fiquei lá uns 10 minutos, bebi muita água comi muitos salgados e alonguei um pouco. Eu segui, mas os companheiros de grupo desistiram ali mesmo, senti-me bastante desmotivado. Para piorar um pouco, um km mais à frente num trilho mais pedregoso tropecei numa pedra e fui ao chão, o que me fez voltar as dores de uma lesão na coluna que fiz na semana passada. Não conseguia correr, e para andar tinha que me inclinar ligeiramente para o lado esquerdo para aliviar a dor no fundo das costas. Não podia vacilar, mesmo que quisesse desistir tinha que chegar ao próximo abastecimento, daí a 7 kms.

Foi por volta dos 32 kms que as dores começaram a desaparecer, e o abastecimento começou a chegar ao sangue. Comecei a correr, primeiro muito a medo depois um pouco mais à vontade. Aqueles kms a andar devido à dor nas costas acabaram por me aliviar muito as pernas, sentia uma ligeireza como se tivesse acabado de sair de casa. Comecei a passar todos aqueles que me passaram quando estive mal. Acabei por ficar pouco tempo no abastecimento dos 35 kms, nesta altura estava super motivado e só queria chegar à meta.

Esta foi a fase mais divertida da prova, já não havia grupos e disfrutei dos trilhos ao meu ritmo. Brutal, é só o que posso dizer. Atravessei dezenas de cursos de água, passei em trilhos de cortar a respiração. Sítios onde a lama chegava ao joelho, depois ribeiras que lavavam a lama. Comecei a sentir bolhas nos pés, devidos à grande quantidade de pedras dentro dos ténis, mas aqui a água fria das ribeiras servia como analgésico natural. Apesar disso sentia grande frescura física e fiz o último km no alcatrão a 4:30 m/km. Foi uma sensação brutal a entrada no pavilhão, onde os atletas que já tinham chegado, os voluntários e as pessoas do Entroncamento aplaudiam cada atleta como se fosse o primeiro. Fantástico."

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